terça-feira, 7 de agosto de 2012

Deckbuilding – Construindo um Deck, parte II


Olá Planinauta,

Estamos de volta com a segunda parte desse artigo. Caso você tenha perdido o início desse artigo, confira no linlk a parte I (Tamanho do deck, Arquétipos, Temática).



4 – Base de mana


Agora vamos entrar nos aspectos mais técnicos da construção de deck.

Sabe qual o melhor investimento sólido que você faz ao comprar/colecionar cartas de Magic? Não é o Planinauta apelão, não é a criatura rara mítica indestrutível... são os terrenos duplos! Isso mesmo, TERRENOS!  Por que?

     




Porque nenhum deck sobrevive sem uma sólida base de mana, ou seja, sem uma quantidade de terrenos suficiente e que gerem mana das cores apropriadas com uma proporção adequada.

Quanto mais cores seu deck tiver, mais difícil será de ele se manter consistente. Mesmo que certas magias verdes (geralmente), artefatos e terrenos possam procurar por terrenos específicos em seu deck e colocá-los sua mão/jogo, a menos que você tenha um BOM motivo para isso, cores "extras" só vão atrapalhar seu jogo.


          


Bom, vamos devagar nesse assunto. Primeiro vamos discutir algo fundamental e controverso: QUANTOS terrenos deve ter seu deck? Digo que esse eh um assunto controverso pois o número base em cima do qual se vai trabalhar varia de especialista para especialista. Lembro bem que, a mais de 10 anos, quando eu iniciei no Magic, li numa revista que 1/3 de seu deck devia ser formado por terrenos – o terço de 60 é 20. Hoje, eu sei que a coisa não é bem assim... Acho que 20 lands é uma quantidade arriscada para a maioria dos decks. Vou frisar mais uma vez: essa opinião varia. Aqui, vamos trabalhar com o conceito de que o número base (mínimo) de terrenos em um dado deck é 22, embora você vá encontrar outros artigos que usam uma base de 24.

Como modificar esse valor? Quando adicionar ou (pasmem) remover terrenos? Bem, isso depende de duas coisas: do arquétipo de deck que você está construindo e de sua curva de mana. A curva de mana é um gráfico (um histograma, para ser bem preciso) que te mostra a quantidade de cartas que você tem para cada custo convertido de mana (CCM), ou seja, o custo total da carta.



De modo geral, decks agro usam criaturas de baixo CCM, indo até 3 ou 4 no máximo. Isso significa que eles concentram suas cartas na parte inicial da curva de mana, onde os custos são menores. Para esse tipo de deck, 22 terrenos podem ser suficientes.

Já para os combos e controles, costuma-se ter mais terrenos, dependendo do custo da magia que você quer jogar (geralmente as magias de combo são pesadas), já que ambos decks vão estar com curvas altas no meio e no fim da curva de mana.

Acho que meu amigo e colega Planinauta André Freitas generalizou o conceito da quantidade de terrenos de modo interessante. De acordo com a noção geral proposta por ele, com 22 terrenos você joga um deck com CCM médio (mCCM) igual a 3. Para cada incremento na curva de mana, adicionam-se 2 terrenos, ou seja, 24 para um mCCM de 4, 26 para um mCCM de 5, 28 para um mCCM de 6, e assim por diante...

Outra referência importante é que, para cada 2 fontes alternativas de mana, pode-se cortar um terreno da lista. Então, se pensarmos em um deck de elfos (afinal o verde reina supremo no aspecto “gerar mana”), com 4 Elfos de Llanowar e 4  Arqueodruida Elfo,  poderia-se jogar com 18 terrenos, ao invés de 22. Essa regra tem um limite de bom senso. Ao passo em que você precisa de menos terrenos, ainda assim precisará que pelo menos um terreno venha em sua mão inicial para poder baixar os elfos, então em um deck verde com 12 fontes alternativas de mana, provavelmente jogar com apenas 16 terrenos será uma escolha muito arriscada.

     

Um último fator que permite diminuir um pouco a quantidade de terrenos é sua capacidade de enrolar/controlar o jogo. Assim, num deck de combo, se você tiver como ficar limpando as criaturas da mesa do oponente com várias remoções em massa, isso te dará um tempo extra para ir comprando terrenos. Por falar em compra, magias de compra de carta também ajudam muito não só a buscar terrenos, mas também agilizam aquela magia que você está procurando. Por motivos óbvios, nem vou comentar sobre as spells de ramp.


          


Acho que essas informações sobre a quantidade de terrenos do deck são suficientes por hora. Entretanto, a grande maioria dos decks por aí afora não são monocromáticos (de uma única cor). Assim, vamos ver como obter uma proporção adequada de cada tipo de terreno.

Para isso, é preciso contar a quantidade total de símbolos de mana coloridos que você tem no seu deck. Como a mana genérica independe do tipo de terreno que vai gerá-la, não há motivos para incluir isso em nossas contas com proporção das cores. Então, comece a contar os símbolos coloridos de mana, não se preocupe com o custo total. Por exemplo, Lupineo Coracao de Prata tem custo de 3GG. Apesar de seu CCM ser igual a 5, você só está interessado nos símbolos de mana colorida (verde no caso), então vai contar 2 para essa carta. Além disso, conte os símbolos de mana colorida que aparecem no custo de ativação de artefatos e terrenos. Caso alguma outra permanente tenha também um custo de ativação, use o valor mais alto entre ativação/conjuração.




Uma vez contados os símbolos coloridos, vamos acertar a proporção da seguinte maneira: 

(c/C)*T

na qual c corresponde ao total de símbolos coloridos para uma determinada cor, C corresponde ao total de símbolos coloridos e T ao número de terrenos que você quer usar no final. 

Para exemplificar, vamos imaginar o um deck Human Boros, com 22 terrenos e um total de símbolos de mana igual a 28 para o branco e 10 para o vermelho. Assim, a proporção para as cores vão ser:

[28/(28+10)]*22 = Planícies

[10/(28+10)]*22 = Montanhas



Essa é a quantidade proporcional de terrenos básicos que você deveria ter em seu deck. Mas não estamos limitados a terrenos básicos, certo? 

Para consertarmos a curva de mana, podemos nos valer dos terrenos duais, capazes de gerar uma de duas combinações de cores. Ao adicionar terrenos não-básicos duais, idealmente você quer remover os terrenos básicos de maneira igualitária. Assim, em nosso exemplo anterior, para se adicionar +4 Retiro da Falésia,  vamos -2 Planície e -2 Montanha. Isso é feito de modo a manter a proporção das cores. Mas o que acontece se removermos apenas planícies, por exemplo. Nesse caso, estaremos favorecendo o mana vermelho, pois mantemos a quantidade de mana branco que o deck é capaz de produzir inalterado mas aumentamos a disponibilidade de mana vermelha. O inverso seria verdadeiro, logicamente.

          

     


No caso dos terrenos duais da M13 e de Innistrad, deve-se prestar muita atenção ao fato de que eles só entram "em pé" caso você controle um dos dois tipos de terreno básico relacionados. Em um deck de duas cores, fica fácil ver essa proporção, mas quando o deck tem 3 ou mais cores, deve-se escolher com mais cautela para não correr o risco do terreno entrar sempre virado.

Outra forma de ajeitar a curva de mana é com terrenos de busca, ou fetch lands. Esses terrenos se baseiam no principio de afinar o deck (deck thinner), ou seja, removem mais cartas do seu deck de modo a aumentar a probabilidade de você comprar cartas melhores. No caso das fetch lands, cada terreno afina em 2 o seu deck: uma vez da própria carta e uma segunda do terreno que vai ser procurado. São bons para ajeitar a base de mana pois permitem que você escolha o terreno a ser buscado.

     

          

     Terramorphic Expanse

Claro que as fontes alternativas de mana já mencionadas também podem ajudar no quesito 'ajuste'. O exemplo mais clássico é Aves do Paraíso, mas outras fontes também existem, como Esfera dos Sóis, por exemplo.

     


Ainda com relação a mana colorida, gostaria de comentar que as vezes é interessante fugir da proporção exata calculada. Por exemplo, vamos supor que seu deck tem apenas duas cores e a segunda cor é um splash, ou seja, uma pincelada apenas para jogar pouquíssimas cartas dessa cor. Vamos ainda dizer que muitas mágicas escolhidas nessa cor tem CCM de 1, ou seja, você quer jogar elas no primeiro turno. Para garantir isso, basta deslocar a proporção de terrenos de modo a facilitar sutilmente o uso dessa cor adicionando-se mais dois terrenos dessa cor, por exemplo.

Finalmente, vamos falar de um tipo de terreno que deve ser usado com parcimônia: os terrenos utilitários, ou utility lands. Esses terrenos costumam ter habilidades desejáveis em certos decks, mas deve-se ficar atento ao foto de que eles não produzem mana colorida e que isso vai acabar afetando a sua produção de mana.

          

     


Bom, na sequência do artigo, iremos tratar sobre (5) Condições de Vitória e (6) Quantidade de Cópias de cada carta.

Fiquem ligados e keep planeswalking ;)


4 comentários:

  1. Conheci o site ontem e já estou lendo ele todinho!
    Comecei a jogar a pouco tempo, e estas dicas estão sendo de total importancia! Esclarecendo muitas dúvidas normais de iniciantes como eu.
    Parabéns pelo trabalho e to ansioso para a proxima parte destas dicas.
    Abraços

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    1. Olá Planinauta,

      Primeiro e mais importante: bem-vindo ao Magic! Espero que você faça amigos e que se divirta bastante jogando e colecionando as cartas desse fantástico jogo. ^_^

      Acredito que você não poderia ter escolhido momento melhor para começar a jogar. A próxima expansão, Retorno à Ravnica está prestes a ser inaugurada (pré-release 29-30 setembro 2012) e vai ser muito legal!

      Procure uma loja próxima a você apra se inscrever: http://locator.wizards.com/

      Finalmente, agradeço demais seus elogios. O site ainda está no comecinho, e tem que ganhar ainda muito chão. Conto com você para ajudar na divulgação do blog. Confira no Facebook também: http://www.facebook.com/keep.planeswalking

      A parte III do artigo sobre Deckbuilding sai logo logo, prometo. Estou em fase final do meu doutorado, e o tempo anda um tanto curto. Mas já adianto que 40% do artigo já está escrito! ^^

      Keep Planeswalking o/

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  2. Nelson, muito esclarecedor.
    Esse artigo está salvo no pc pra referências futuras heheheh eu fazia muitas coisas "erradas", aliás, nem sabia como fazer a curva de mana... agora sim os decks ficam bons!!! :p

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    1. Estou honrado!

      Começo da semana que vem publico a parte final desse artigo, prometo (o final do doutorado ta osso!).

      Qualquer dúvida, pode postar no blog ou me mandar um e-mail e farei o possível para responder em tempo hábil.

      Abraços!

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